segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E vou ouvindo...“more than words is all you have to do to make it real...”


Você diz: sinto sua falta. Eu respondo: sinto a sua também. Mas não fazemos, não faremos, não faríamos nada a respeito. Você diz: tenho vontade de ir à tua casa e te incomodar. E eu respondo: você não me incomoda. Mas ambos sabemos que você não vai me incomodar e nem eu a você; ambos sabemos que é justamente esta falta de incômodo mútuo que tanto incomoda.

Contradição: o que queremos é incomodar um ao outro, revirar os incômodos e transformar toda a comodidade numa confusão em que o fim, ambos sabemos, existe, e não seria nada incômodo. Mas o meio incomoda.. mais que isso: o meio é intransponível. O meio englobaria o que não há. E não há oportunidades, chances, contexto, disposição, impulso, vontade de revirar, de reorganizar. Haveria organização¿

E afinal, reconhecemos neste meio pequenas substâncias das quais não gostaríamos de deixar para trás em nome do fim.

Você sabe que eu pensaria em você ao me lembrar das coisas mais bobas e conhece o quão tola eu sou por me apegar a coisas tão pequenas que, para você, em seu auge de experiências grandiosas, febris, banais, confusas... são simples, simples demais. Ir a favor de suas vontades, porque assim somos nós, os demasiadamente humanos...”que mal há nisso¿ Não fazemos mal a ninguém, fazemos¿” Você argumenta. Ou melhor, você nada argumenta e, no entanto, quantas ideias me são inculcadas por mim mesma, por meus desejos que parecem tomar o mundo e, no entanto, são frágeis ao ponto de sequer tornarem-se reais, tangíveis. Desejos que não tangem outros desejos.

Mesmo assim me tolera. Porque quer algo em mim que pode ser do mais superficial ao mais simples, ao mais visceral. E, quem sabe, por não querer acreditar num futuro em que você acredita, acaba tentando se apegar à única coisa que não teria futuro, apenas presente: nós.

Até chegar um dia em que descobriremos nesse presente uma belíssima embalagem com fundo falso que, de tanto carregarmos para cima e para baixo sem abrí-la, virou uma bela
e mera
caixa vazia.









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